Adoro fanfics, que para quem não sabe, são obras de ficção feitas por fãs em cima das obras originais. É uma homenagem àquela amada história, que não tem pretensão mercadológica (ao contrário da obra que a inspirou), e que mostra a vontade da pessoa em partilhar um pouco de si àquele universo que ela tanta admira.
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O protagonista da série original -
Saint Seiya (Masami Kurumada, 1986)
- Seiya de Pégaso |
Inspirado pela trilogia do Batman, do Nolan, a qual ele quis recriar o mundo do Cavaleiro das Trevas num universo mais verossímil, onde tramas políticas, corrupção e falhas de caráter são elementosmais comuns do que magia, além da vontade de consertar os buracos de uma série que acompanho há 20 anos e que moldou uma geração de fãs, decidi brincar um pouco com o universo dos guardiões dele, os Cavaleiros do Zodíaco.
Obra japonesa originalmente publicada quadrinhos (os mangás) voltado para meninos e jovens (público Shonnen) pelo mestre Masami Kurumada, que se mostrou inspirado pela mitologia grega em idos de 1986, a série virou animação, filme, boneco, boné, camiseta, games e o que mais se espera de um arrasa quarteirão oriental, além de entrar no imaginário da cultura pop japonesa, brilhando ao lado de outros medalhões como Dragon Ball ou Speed Racer ou Pokémon (a referência varia conforme a idade do freguês!).
O fato da sua sacada ser melhor que suas aptidões para os desenhos e roteiros não inibiu o sucesso da série, que foi maior em países como França, Espanha, México e, olha lá, Brasil, muito pelo fato de que, apesar de limitado, o sensei Kurumada se mostrou um brilhante designer de armaduras para seus personagens. A ideia deu tão certo que várias séries já ampliaram as histórias, tendo participação de outros desenhistas e roteiristas que, na minha opinião, desenvolvem muito melhor toda o background plantado pelo seu criador.
Sendo assim, temos quase que um universo expandido ala Star Wars, só que menos organizado, com maior incoerência e menos planejamento. Daí surgem várias linhas do tempo, histórias e universos paralelas, inconsistência de informações, obras canônicas e por aí vai. Alguns se incomodam, outros nem tanto, apenas apreciando a viagem proporcionada por cada história.
Apesar de tanto aspecto negativo em relação a construção, o fator emocional causado pela série, seu apelo e capacidade de conquistar novos fãs graças ao carisma dos personagens e às inúmeras lições de força e perseverança para se enfrentar as dificuldades mundanas (a grande receita do bolo dos mangás shonnens!), me motivaram a sempre visitar os Cavaleiros de Atena, inclusive na tentativa abaixo de tornar o seu mundo um pouco mais próximo do meu. Que deuses e políticos possam andar sobre o mesmo chão, e que nunca desistamos das pessoas desse mundo.
E aí, você já sentiu o cosmo?
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"Saint Seiya-The Lost Canvas" (Shiori Teshirogi, 2006): um dos exemplos de série derivada da original criada pelo desenhista de manga (mangaka) Masami Kurumada, é uma grande homenagem pela qualidade de traços e enredo. |
OS CAVALEIROS
DO ZODÍACO – R(efeito)
Prólogo
A
cada duzentos anos, Atena, deusa da sabedoria e da guerra, reencarna à Terra,
na tentativa de combater seus inimigos mitológicos, os deuses do Olimpo. De
época em época, surgem para combater ao seu lado, valorosos guerreiros, que
pela crença nas palavras de verdade e justiça, lutam ao seu lado, garantindo a
paz até a próxima Guerra Sagrada.
Localizado
na Grécia, o Santuário concentra as forças fiéis à deusa. Estruturado numa hierarquia baseada nos signos zodíacais, os cavaleiros passam por
rigorosos treinamentos, que os preparam para assumir seus postos conforme sua
força. Quanto mais determinado, mais o cavaleiro consegue dominar seu cosmo, a
energia vital presente em tudo, do organico ao inorganico, favorecendo-o em
combate.
Apesar
do grande potencial destrutivo – diz a lenda que muitos golpes cortaram o solo,
destruíram montanhas, ou mesmo retrocederam o fluxo de enormes quedas d'água -
que um guerreiro de Atena pode provocar, seus corpos ainda permanecem
vulneráveis, evidenciando suas características e fraquezas humanas. Nesse
sentido, surgem as armaduras sagradas – feitas a partir do raro mineral chamado
“oricalco”, apelidado ancestralmente de pó de estrela” - que dotadas de imenso
potencial defensivo, os protegem em campo de batalha.
Apesar
do imenso poder ofensivo e defensivo, raras foram as armaduras que se
destacaram por possuirem armas em sua composição. Sendo assim, sempre é
esperado dos cavaleiros de Atena combates que utilizem esforço físico e de
vontade, superando suas humanidades com o próprio corpo, ficando em último caso
o apelo às armas.
Dividida
em 88 constelações, os cavaleiros de bronze, àqueles com armaduras menos
nobres, irradiadas com pouco “oricalco”, e com menos poder de energia cósmica,
formam a linha de frente, sendo os soldados em campo de batalha. Equivalendo-se
à grandes comandantes estão os cavaleiros de prata, líderes protegidos com
armaduras de média irradiação e maior potencial de cosmo energia, resultando em
maior administração entre quantidade de golpes e velocidade, superando os de
bronze em todos os sentidos.
Ao
contrário das duas classes anteriores, cuja quantidade é desconhecida, estão a
elite dourada, composta por signos do zodíaco solar, dispostos num total de 12,
com golpes que, segundo relatos, se equiparam à velocidade da luz, e cosmo
energia que desperta os mistérios advindos do sétimo sentido – aquele que vem
depois da intuição, descrito como o sexto sentido. São eles os guardiões das
casas que protegem o único caminho que leva à deusa, tendo o invasor ou
visitante passar por cada morador, requerendo ou conquistando o direito de
avançar.
No
topo, como antessala aos aposentos de Atena, e como chefe político e
espiritual, encontra-se o Grande Mestre, geralmente um representante dos
guerreiros dourados da geração anterior, eleito pelo ocupante do trono anterior
e protetor direto, conselheiro e guia da encarnação da deusa. Note-se que a
hierarquia dos habitantes do Santuário não contempla apenas cavaleiros, mas
também seus aprendizes, servos, burocratas, além de uma vila, responsável pela
manutenção do comércio e serviços prestados dentro da instituição.
Além
disso, ela não é composta apenas de homens, apesar de não haver mulheres com o
título de amazona. Difícil precisar a origem da tradição, mas, visando
minimizar as desvantagens físicas aparentes entre os sexos, e ampliando a
igualdade que ambos possuem de gerar cosmo energia elevada, Atena determinou
que todas as guerreiras usassem máscara dentro do Santuário e em combates, para
que a partir disso, nenhuma mulher fosse menosprezada por colega ou oponente.
Tal iniciativa gerou o mito de que, caso uma “mulher-cavaleiro” fosse vista sem
seu adereço facial por um homem, a ela caberia duas saídas: matá-lo ou amá-lo.
E
essa era a rígida estrutura na qual se organizavam, por séculos, os Cavaleiros
do Zodíaco.
Capítulo
1 – A armadura sagrada de bronze de Pégaso
Seiya
chegou muito jovem à Grécia. Quando menino, há dez anos atrás, pouco era o
tempo que possuia para conhecer e brincar com as crianças da sua idade. Apesar
de ter frequentado a escola local do vilarejo, o foco da sua educação estava
nos exaustivos treinamentos físicos e mentais que sua rígida mestra, a
“mulher-cavaleiro” Marin de Águia, respeitadíssima, apesar da aparente
juventude - escondida pela máscara, mas não pela voz ou forma física - lhe
aplicava. Tamanha rigorosidade era compatível à preguiça e vagarosidade do
aprendiz, o qual, apesar de demostrar aptidão para o ofício, preferia dormir ou
caçar animais nos bosques. Seiya era um aprendiz de cavaleiro, e seu objetivo
era obter a armadura sagrada de bronze de Pégaso.
O
grande dia estava próximo, com o rapaz prestes a completar 18 anos, dois
pensamentos pairavam pela cabeça de cabelos castanhos e espetados dele: se
tornar o cavaleiro de Pégaso e voltar para sua terra natal, o Japão, para
encontar sua irmã, da qual já não tinha notícias há tempos. Seiya havia sido
separado de Seika, sua irmã mais velha quando ele tinha apenas seis e ela,
doze. Durante algum tempo ele acreditou que Marin poderia ser a “mana”, o que o
levou, em seus ímpetos mais travessos, a tentar ver o rosto dela da formas mais
absurdas, como durante o sono ou o banho.
Essas
foram as tentativas mais fáceis, uma vez que no Santuário é comum professoress
e alunos morarem juntos, afim de otimizar o treinamento, o qual é encarado de
forma constante e permanente por ambos. Logicamente, para seu bem, Seiya nunca
obteve sucesso, pois, apesar do apresso por seu aluno, se seu rosto fosse descoberto,
Marin certamente o mataria, uma vez que ela também era conhecida como uma
grande defensora das tradições dentro do Santuário, usando a máscara com
orgulho e como prova de equidade aos homens, numa postura de reforço do
machismo vigente. O rapaz pouco se importava com isso, e os rumores de que
seria ela também oriental, só aumentavam a sua curiosidade. Entretanto, era
grande a sua consideração pela mestra, sentimento recíproco que refletiu num
treinamento que, se num momento era duro por parte dela, por outro era
descontraído por parte dele.
Nesse
exato momento, Marin encara Seiya à distancia, e ambos observam o grandalhão
Cássius, no auge de seus 25 anos de muitos quilos e músculos, quebrar os dois
braços de um outrora pretendente à armadura. A disputa acontece numa arena circular de chão de terra, com arquibancadas sólidas de madeira que estalam com
a vibração de quem assiste, e do sol escaldante que faz no mediterrâneo. Seiya
treme as pernas, mas faz questão de parecer tranquilo para os olhos de sua mestra
e, o mais importante, para todos os seus rivais. O qual, nesse momento,
configura-se apenas como o “pequeno” Cássius. “Nunca a armadura esteve tão
perto... e tão longe ”, pensa.
Em
oposição à tranquilidade de Marin, mas não dialogando com o temor de Seiya, a
arrogante Shina ensaia mais uma provocação à Águia de prata. Como
mulher-cavaleiro de prata de Ofiúco, Shina é tida como uma das mais “duronas”
de todo o Santuário. Contudo, apesar de suas garras afiadas como presas de
cobra, é na sua língua que reside todo seu veneno, e nesse momento ela profere
todo o preconceito latente à presença dos orientais no Santuário. A mulher
aparenta ter pouquissimos anos a mais que Marin, e o motivo de tamanha
perseguição é que a luta final será decidida pelos pupilos de ambas, no melhor
estilo oriente contra ocidente.
É
nesse clima de tensão e muita torcida e bate-boca que o Grande Mestre inicia a
última luta, com a arena esteticamente desbalanceada, já que de um lado se tem
o grego peso-pesado Cássius e toda torcida “da casa”, passando por uma gama de
gregos à mestra italiana. Do outro, a miudeza de Seiya, os poucos torcedores
pró-orientais e um reforço indigno, segundo as más línguas, o jovem cavaleiro de
ouro de leão, Aiolia, irmão do traidor e ex-cavaleiro de ouro de Sagitário,
Aioros. Provavelmente, foi o estigma e preconceito sofridos pelo cavaleiro o
qual o fez sempre apoiar Marin e Seiya em seus treinamentos frequentemente
boicotados pelos europeus no Santuário. Marin sempre reconheceu isso, o que fez
de Aiolia um aliado, uma vez que ela não se dava ao luxo de ter amigos,
confiável.
Mal
a luta começa, Seiya já se vê rolando pela terra na tentativa de escapar das
pisadas de Cássius. Tudo que sobra é muita terra e uma enorme pegada no chão.
“Certamente ele poderia ser um jogador de basquete”, são os pensamentos de um
garoto que certamente tem dificuldades de se concentrar, e que por isso se
encontra rolando e escapando de pisadas seguidas. Possivelmente ele agradece
pela falta de tamanho e músculos proeminentes, o que lhe dá características de
um ágil jogador de futebol. Seiya gosta de esportes, e lutar sempre foi o seu
favorito, depois vem o futebol. Justamente, nesse momento, o grandalhão o chuta
como uma bola, fazendo o franzino rapaz voar traçando um arco no ar, rolando
três vezes, recebendo logo em seguida outro impacto. “Estômago e boca, como
dói!”, são os pensamentos de Seiya, cujo
grito de dor é abafado pelo grito da enorme torcida de Cássius. “Nem parece que
também estou jogando em casa”, alude Seiya enquanto cospe sangue, e repara como
a mistura com a terra forma uma massaroca diferente de quando a secreção que
pinga é suor. No momento, os dois escorrem e a situação não parece bem.
As
lutas pela posse das armaduras não são fáceis, e violência é um recurso amplamente
utilizado para invalidar o oponente e se conseguir a posse de uma delas. Ali
não era diferente, e ninguém iria interromper qualquer movimento, por mais
perigoso que fosse, pois isso configura um grande ensaio para a vida de um
cavaleiro, que está sempre à beira da morte nos conflitos mais difíceis. Marin
ensinou tudo a Seiya, e ela sabia que talvez seu discípulo não estivesse
preparado. Enquanto Aiolia pedia gentilmente que Shina tivesse modos, ela só
conseguia pensar numa motivação para tirar Seiya daquela condição. A professora
conhecia bem seu aluno, e sabia o quanto sua personalidade pedia objetividade
nas ações. Se grande era seu desvio de atenção, grande deveria ser sua
motivação, um reforço que deveria atuar positivamente na concentração e busca
da cosmo energia latente nos pré-cavaleiros. “Na ausência da cosmo energia,
vence quem tiver a maior força bruta”, repetia Marin.
Cavaleiros
experientes conseguem se comunicar através das ranhuras que seus cosmos criam
no tempo e no espaço. Foi fazendo isso que, sem dizer uma palavra Marin fez
Seiya lembrar de sua irmã, o reforço positivo da sua mente e do seu coração.
Não é como falar, é sentir, e foi nesse momento que, cegado pelo sol e prestes
a perder a orelha direita - “a orelha direita!” - sim, eram essas as palavras
de Cássius, que cansado de espancar o “magrelo”, decidiu lhe punir por ter a
pretensão de entrar na mesma arena de combate que ele. O público nem se chocou
com a cena, pois ao longo da jornada dele pela armadura, muitos ossos se quebrarm,
deslocaram e até mesmo caíram – apesar de desmembramento não ser sua
finalização favorita. E assim, uma orelha voou pelos ares, como prometido, a
direita. De repente caiu um grandão, que pela primeira vez estava indefeso,
ajoelhado perante um garoto miúdo. O ar de arrogante na cara de Seiya era
nítido. “Nínguem vai mexer na minha orelha!”. Disse, determinado. Apesar da
decepação não ter sido uma bela cena, muito menos algo aprovado por Marin, o
momento a seguir compensou tudo: o garoto desenhou no ar a posição das estrelas
da constelação de Pégaso, como que dissesse “essa armadura é minha, eu sou o
seu cavaleiro”. Em seguida, desferiu uma série de socos distribuindo-os no
peito e na face. Quem piscou, perdeu, foram muitos socos, seguidos de duas
palavras: “Meteoro”, o golpe que Marin lhe ensinou, baseado em seu “Águia de
meteoros”, também baseado em socos; o detalhe foi a pretensão do garoto, que
encaixou o nome “Pégaso”, apropriando-se do golpe e, consequentemente da
armadura, uma vez que Cássius foi ao chão.
Foi
uma luta difícil, sem dúvida. Muitos espectadores ressaltavam o caráter de
sorte, enquanto outros, a técnica apurada. Mas todos que ali estavam, e que possuíam um mínimo de treinamento de cavaleiro em seus currículos, sentiram uma
cosmo energia que vibrava com a constelação cuja armadura esteve em disputa, e,
apesar do conflito ser considerado de baixa habilidade, por conter um excesso de
golpes físicos diretos e pouco elaborados, mesmo para aspirantes a cavaleiros
de bronze, a classe que Seiya demonstrou, além de sua ousadia, foi bem aceita,
fazendo com que muitos o aplaudissem de
pé com o fim da luta, exceto a “mulher-cavaleiro” de Ofiúruco. Aiolia olhava
contente para Marin, que por baixo da expressão gélida de sua máscara prateda,
sorria.
Capítulo
2 – Fuga do Santuário
Apesar
do sangue, suor e lágrimas da batalha, a cerimonia de posse da armadura teve início. Shina
não acompanhou, pois teve que mobilizar vários soldados rasos e aprendizes de cavaleiros de
bronze que por lá estavam para retirar o nocauteado Cássius. Apesar da lenda de
que muitos ali poderiam quebrar rochas, destruir montanhas, rasgar o solo e
inverter fluxos de quedas d'água, além de muitas proezas, quando se trata de
fazer força, ainda mais num momento de premiação tão polêmica, com um oriental
retirando uma armadura tipicamente grega de seu próprio solo, os cavaleiros
perdem sua força e fazem “corpo mole”. Em resumo, retirar Cássius dali,
estancar seu ferimento, sem chamar a atenção, deu trabalho a sua mestra. Shina
saiu da arena jurando vingança.
Alheio
a tudo isso, Seiya abria a urna e via uma armadura que pulsava vida, sem
respirar ou se mover ela contia uma energia tão boa que por uns momentos ele
até esqueceu que todo seu corpo doía. A iniciativa de colocar a armadura foi
advertida pelo Grande Mestre, que lhe alertou sobre o uso devido em nome de
Atena, na função dos Cavaleiros do Zodíaco como defensores, nunca como
ofensores, sendo a armadura sagrada sua arma de proteção, do próprio cavaleiro,
mas, principalmente de quem não puder se defender. O Mestre lembrou da função
do Santuário como mantenedor da paz, de como sua articulação, ainda que velada
nos órgãos mundias a partir da sabedoria da deusa, eram muito mais importantes
que mil guerreiros, entretanto, a natureza humana jamais possibilitaria uma desmilitarização
da instituição.
Tanto
“blá, blá, blá” e burocracia deixaram Seiya disperso, que queria mesmo por sua
armadura, viajar para o Japão e... contudo, nessa hora ele ouviu a palavra
“desertor” e “morte”, o que o trouxeram de volta a conversa. “É isso mesmo que
entendi? Estou preso a esse lugar?”. Para seu azar, uma vez selecionado como
cavaleiro, seus serviços ficam à disposição do Santuário. Sendo assim, ele
estava longe de uma vida típica de um garoto de 18 anos. Seu vestibular foi a
batalha da qual acabara de lutar, sua profissão era lutar por Atena através da
instituição Santuário e seu salário, bem, não falaram sobre isso ainda. O fato
é que, ir embora daquele lugar com a armadura, ou mesmo sem ela, caracterizaria
deserção, a qual só é passível de morte. Até o nome de Aioros foi citado,
servindo de exemplo de punição em todas as escalas da hierarquia.
Depois
de assinar uma papelada, sobre a alcunha de Seiya de Pegaso – afinal,
finalmente ele tinha um sobrenome, pois todos seus registros se perderam quando
este era muito novo ainda no Japão – e ter seus corpo e roupas limpos e
ferimentos curados, o rapaz seguiu para a casa, sendo, ao longo do caminho, ora
parabenizado, ora hostilizado. Ele era o primeiro japonês a conseguir uma
armadura dentro do Santuário, feito este que não ocorria há pelo menos 200 anos. Chegando em casa, encontrou Marin, que o saudou da forma distante, porém
acolhedora, costumeira. Sem pestanejar, ambos já começaram a bolar a saída do
cavaleiro de bronze do Santuário.
• Chegou
a hora, Seiya, pela madrugada você terá que ir embora.
• Eu
sei, Marin, espero por esse momento desde que cheguei ao Santuário. Tenho
finalmente minha armadura, e agora preciso voltar para encontar minha irmã.
• Sabe
que não é assim que funciona, sua saída com a armadura será sua morte... sem
ela talvez consiga escapar e, até mesmo, sem perdoado.
• Impossível,
a armadura será a maneira para encontrá-la.
• Tem
a ver com aqueles homens, os que te trouxeram a dez anos atras, certo?
• Sim, consentiu, com o olhar distante pela janela
Impressionava
a cumplicidade dos dois, mesmo sabendo que ela mesma poderia morrer, Marin
estava determinada a tirar Seiya daquele lugar, dando-lhe a chance de ter, ao
menos a partir daquele momento ou por pouco tempo, a chance de ter uma vida
mais serena. Ela sabia que, apesar de talentoso, Seiya era indisciplinado
demais para atuar dentro de um lugar com regras tão rígidas e burocraticas como
o Santuário. “Talvez ele consiga se virar como esportista, ou melhor ainda, como algum
artista marcial”, pensava enquanto tentava se lembrar do tempo que vivia fora do
Santuário, ainda menina, com seu irmão.
Com
o cair da noite a única coisa que se via eram vultos se movimentando por entre
velas, castiçais, tochas, casas, rochedos, pilares e guardas. A segurança
primária do Santuário era ridícula até mesmo para aprendizes de cavaleiros,
pois se tratava de soldados mal pagos e que, de alguma forma, não obtiveram um
mestre disposto a treiná-los, ou mesmo que fracassaram na forma de seleção para
uma das 88 armaduras das constelações zodiacais. Isso resultou numa força de
coerção que servia apenas para afastar curiosos do entorno, ao menos durante a
noite, pois durante o dia era grande a movimentação de turistas, que pagavam
caro para acessar lugares remotos e de pouca importância dentro do perímetro do
Santuário. Tudo pela lenda que pairava sobre Atena e seus defensores, algo tão
distante quanto templos destinados a treinar monges ou guerreiros "deuses" ocupando o norte da Europa.
Tudo
ia bem, com Marim percorrendo e mostrando o caminho à frente, e Seiya comodamente à seguindo, como dois ninjas na escuridão morna da Grécia. Tudo ia
bem, desmaiando um aqui, escondendo outro ali e desviando de dois mais adiante,
até que um golpe cortante cortou a noite, gerando um pequeno impulso elétrico
na escuridão e atingindo o alvo de camisa vermelha e calças jeans azuis, todo
enfaixado. Seiya caiu com o impacto, tendo a caixa de sua armadura jogada para
trás, que jaziam aos pés de Shina. Ela estava mais imponente do que de costume,
tinha ombreiras largas, joelheiras, peitoral, ou seja, estava vestida para
combate. Sem muita conversa, ela partiu para cima, sem muita chance de defesa
para o novato, que tomou muitas surras ao som de “morra estrangeiro”. Enquanto
apanhava, Seiya procurava Marim, em vão. A luta era dificil, mas parecia se
configurar no último obstáculo. Sem hesitar, o jovem desviou de alguns golpes e
correu para sua armadura, a qual já se encontrava aberta e pronta para vestir.
Enquanto corria para vestir a armadura, Seiya pensou que poderia ter disputado
uma dourada, a qual veste seu cavaleiro através da vibração dessa energia a
qual ele, apesar de também cavaleiro, pouco domina.
Shina
ria ao ver seu inimigo tropeçando e colocando desjeitosamente os pedaços da
armadura, e resolveu esperar para ridicularizar ainda mais o garoto que não
sabia como encaixar as peças que estavam dispostas no formato de um cavalo
alado. Tão finalizou, Pégaso tomou um chute no estomago e um arranhão na cara,
além de vários golpes que evidenciaram as feridas do dia anterior. Caiu,
sangrou e tomou mais pancada, esperou por Marim, para que viesse salvá-lo, mas
percebeu com muito chute nas costas e cotoveladas, que estava sozinho e iria
morrer ali se não fizesse nada. A armadura pesava e só afundava seu rosto,
imprimindo detalhes da face na terra úmida. “Palavrão, palavrão, essa mulher só
fala isso? Vou mostrar o que sei, um soco no estomago e ela cai antes que
qualquer cara!”. Levantou, gritou e... teve o braço deslocado. Gritou de dor.
Seiya era inexperiente demais, e a diferença de força entre cavaleiros de prata e bronze
era evidente.
Enquanto
desferia os golpes, dos mais variados, de joelhadas a socos duplos, ela
provocava Marim, que estava sentada a uma distancia razoável, apenas olhando:
•
Não
vai ajudar o seu querido?, perguntava a cobra a provocar.
• Ele
não é mais meu, você sabe bem disso. Ao contrário do seu, que mais
uma vez terá que se submeter aos seus treinamentos árduos e pouco eficazes.
• Não
tenho mais discípulo. Cassius foi embora do Santuário esta noite. Eu estava a
procurá-lo quando vi esse coelhinho e não resisti, disse Shina parando para
conversar um pouco mais.
• É
uma cobra mesmo, Shina de Ofiuruco. Sei que você procurava Seiya para se vingar
do vexame que você passou indiretamente. Sorte do Cássius poder ir embora do
Santuário sem sofrer retaliação, uma vez que ele não é cavaleiro. Mas pelo que
sei, é seu segundo que se vai, não?
O
tom provocativo atraiu uma para cima da outra de forma magnética. Apesar de
equivalerem em força, Marim levaria desvantagem por não estar trajando
armadura. O poder potencializado de Shina seria voraz sobre a mestra de Seiya,
que apesar de experiente sofreria grandes danos. Foi com esse intuito que ele
pulou entre ambas, cancelando o golpe de Shina e tirando Marim do centro do
combate. Mais feridas se abriram no cavaleiro de bronze.
•
Eu
vou ser seu oponente, repetia de forma mantrica.
•
Então
hoje matarei um zumbi! “Venha Cobra, Garras do Trovão!”, gritava enquanto fazia sua posição
clássica de ataque.
•
É
agora, me de a sua força Pégaso, disse em voz baixa, como uma oração. “Meteoro
de Pégaso!”
Uma
luta de 100 socos de mão esquerda – o braço deslocado de Seiya era o direito, e
ele é destro - contra um golpe cortante em direção ao pescoço do oponente. Eram
socos que não acertavam o alvo, contra um concentrado que cortaria, certamente,
a cabeça do Pégaso. Seria sua morte, se não fosse a Águia, Marim, que reforçou
o ataque do discípulo, atacando a oponente sem que esta esperasse, socos
repetidos e focados, que desmaiaram a distraída oponente. Shina desmaiou com o
impacto - costela quebrada. Sua máscara caiu, e Seiya viu o rosto de uma
“mulher-cavaleiro”.
•
Agora
vai, disse Marim, pegando a rival no colo e indo em direção ao hospital da vila próxima dali, Rodório. Você a
atacou enquanto tentava fugir. Não pude detê-lo, pois a encontrei segundos
depois disso. Você é um desertor, se tornou um cavaleiro, soube das consequências, mas fugiu levando a armadura. Caçaremos você até o fim, Seiya.
•
Mas,
Marim...
•
Nada
de mas, você não é criança. Te apoiei até aqui, mas não posso ir além disso.
Essa mulher foi atacada covardemente por mim, e você viu seu rosto. Tenho
apenas isso para trocar com ela, isso será minha salvação. Meu ataque covarde
pelo seu rosto exposto, disse olhando para Shina. Sabe o que isso significa?
•
Ame-o
ou mate-o, em voz baixa Seiya repetiu as falas de Marim
•
Isso
é uma tradição que nos iguala a qualquer um de vocês, homens e cavaleiros. Isso
nos retira da nossa condição de inferioridade, apagando qualquer traço da
fragilidade associada ao nosso mundo. Essa mulher, Seiya, te perseguirá até
o fim, dessa vez com um grande motivo que envolve sua honra, eram as palavras
de Marim, que mostravam grande respeito por aquela que dormia em seus braços.
•
Marim,
me desculpe.
•
Agora
vai, Seiya. Você trabalhou para isso. Te desejo sorte.
E
partiu, a passos lentos, como se, apesar das palavras duras, não tivesse pressa
para denunciar a traição de seu discípulo. E ali ficou o Pégaso, como se
tivesse quebrado a asa e não pudesse mais voar. A escuridão era densa e a
noite, quente. Uma grande despedida com inspirações no teatro grego. O
espetáculo foi para poucos.
Capítulo
3 – O Coliseu
Saori
Kido cresceu no Japão. Aparenta ter 15 anos, e se orgulha disso, mesmo já com
18 anos completos. A maioridade permitiu, finalmente, que assumisse os negócios
de seu avô adotivo, Mitsumasa Kido. O fato de ser adotada nunca atrapalhou seu
desenvolvimento como uma legitima “patricinha” e agora pretensa “socialite”. A
questão do estatus sempre esteve presente em seus pensamentos, e a Fundação
Galacta, a empresa de Mitsumasa.
Vários
eram os negócios administrados pelo biliardário, dentre eles uma série de
orfanatos, cujo transito de órfãos permitiam a movimentação de divisas que
enriqueciam ainda mais os cofres da fundação. Também investia-se em pesquisas
ligadas à tecnologia, desenvolvendo armamento e roupas de finalidades militar,
junto ao governo japonês. A ascensão de Saori ao comando da empresa abriu mais
um leque, muito bem visto pelos associados: os shows de televisão.
A
onda crescente de campeonatos de luta no mundo abriu precedentes para a
criação de um extremamente legitimo: a Guerra Galáctica, a luta
entre mitológicos e surpreendentes Cavaleiros do Zodíaco pela armadura dourada, única no mundo. Transmitido em todo país pelo payperview, esse programa
milionário encontrou a parceria das Empresas Solo de Transportes Marítimos, que
tem em seu herdeiro, o jovem Julian, de
apenas 21 anos, o principal entusiasta e parceiro profissional, além de
candidato a amante de Saori. Vários são os dólares que ambos empresários nessa
empreitada movimentam, e a todos interessa que essa relação apenas se
aprofunde.
Com
tantos interesses em vigor, uma coisa preocupa os organizadores, principalmente
Solo e Kido: a não adesão de todos os participantes ao evento. Onde estão todos
os lutadores? Para reuni-los - O velho Kido havia espalhado mais de 100 de seus
órfãos pelo mundo, na esperança de que ao menos a metade se tornassem
Cavaleiros - Saori organizou tal torneio, oferecendo um prêmio cobiçado: a
armadura de ouro.
Aos
poucos chegavam os guerreiros, velhos companheiros de infância que agora
retornavam com imenso potencial destrutivo, e muita vontade de por a prova os
longos anos de treinamento por que passaram. Ban foi o primeiro, entregando a
armadura sagrada de bronze de Leão Menor, cuja urna foi depositada num altar
ali no Coliseu mesmo. Saudou a senhorita Saori com frieza - era indiferente a
sua pessoa - mas algum acordo secreto o obrigava a estar naquele torneio.
Assim
como Ichi, cavaleiro de bronze de Hidra, seguido de Nachi, cavaleiro de bronze
de Lobo, que saudavam a todos, sem muita cerimônia - principalmente Ichi, o
mais despachado - cujo comportamento era reprovado pelo rígido Tatsumi, o
mordomo de meia idade que atendia a todos os chamados da senhorita Kido. Três urnas já estavam no Japão, o
percentual era baixo para o tamanho investimento da Fundação.
-
Órfãos deveriam dar dinheiro, e não tirar - pensava Saori, enquanto olhava para
os outrora colegas de infância que cumprimentavam-se e abraçavam-se. Ao fundo,
Tatsumi corria com a papelada de cessão de direitos de imagem, doação das
armaduras, vouchers de alimentação e tudo mais acordado para a participação do
evento televiso.
-
Que construção imponente - pensava Seiya andando calmamente pela avenida que
desembocava no Coliseu, o endereço ao qual se dirigia para recuperar os
contatos de sua infância - ou seja, sua irmã - Bah, na verdade, isso não chega
aos pés da aura do verdadeiro Coliseu. Na verdade, ele havia ido a Roma apenas
uma vez, numa das raras folgas, mas o passeio ao menos inclui uma visita a
fachada da histórica construção. Carregava nas costas a urna da Caixa de Pandora que
continha sua armadura. Parecia pesada. Seu jeans estava surrado e sua velha
camiseta vermelha, desbotada. Faixas protegiam seus ferimentos, ainda em
recuperação da contenda contra Cassius e Shina.
Não
foi preciso falar muito na portaria. Os seguranças tinham orientações para
deixarem passar qualquer ser que carregasse uma "mochila de metal"
nas costas, por mais estrupiado que estivesse o sujeito. Já havia se passado
alguns dias desde a chegada de Ban e dos outros. Num ginásio perto da entrada,
pelo vidro, um grandalhão se exercitava. Seiya reconheceu Geki, mas este não o
viu. Outros rapazes treinavam, mas ele nunca os havia visto antes. Seguia para
a sala da diretoria, ouve uma voz peculiar:
-
Seiya!
-
Shun?
-
Como vai meu amigo? Desnecessário dizer que faz tempo!
Shun
era um cara muito legal. Gentil até demais, era polêmico por ser um pouco rude,
às vezes, meio bipolar. Não era o caso ali, em que o rapaz acolhia o amigo de
forma próxima e fraternal.
-
Shun, quem está aqui?
-
Não sei dizer ao certo...éramos muitos, voltamos poucos. Vi Shiryu pelos
corredores. Jabu também está aqui.
Seiya
faz cara de quem não curtiu muito a ideia de reencontrar esse último.
-
Tá, e seu irmão, já voltou?
-
Ikki... ainda não...
O
garoto amoleceu. Shun era um pouco mais novo que a maioria ali presente, tendo
apenas 16 anos. Seu irmão, Ikki, era um dos mais velhos e já devia estar com 20
ou 21. Na infância, o mais velho protegia o mais novo do bulling praticado
pelos outros meninos. Shun era muito delicado e mesmo mais velho ainda
carregava um ar infantil, quase feminino, com cabelos castanhos e pele clara,
bem cuidados. A fala mansa não ajudava a impor algum respeito. Era difícil para
Seiya realizar como este poderia ter se tornado o cavaleiro de bronze de
Andrômeda. "O treinamento na Ilha de Andrômeda devia ser moleza", pensava.
Antes
da despedida combinaram de se encontrar, afinal, não fazia sentido trocarem
sopapos no ringue sem ao menos se atualizarem sobre a vida um do outro. Na
verdade, Seiya não fazia ideia de quem encontraria pelo caminho. O que ele
tinha claro em mente era que exigiria o prêmio pela sua conquista: Seika. Lutar
não estava nos planos, era entregar a armadura e cair na estrada junto com a
irmã, e ponto final. Ele apenas não contava com a ardilosa herdeira de Kido,
que o aguardava na sua sala.
-
Deixe-o entra sem bater, disse ao "faz tudo" Tatsumi.
Seiya
não bateria mesmo. Não estava afim de se curvar a neta do homem responsável por
tornar sua vida um inferno. Foi entrar e começar o bate boca:
-
Isto lhe pertence, senhorita - disse retirando a armadura das costas e abrindo
a caixa.
-
Realmente muito bela, bom trabalho Seiya. Aliás, bem vindo ao lar - dizia de
forma doce, encarando-o nos olhos.
-
Corta essa, Saori, quero apenas que me diga onde está minha irmã - disse o
rapaz bravo. Tatsumi já se preparava para repreende-lo - Nem venha, velhote.
Isso é entre ela e eu!
Descontrolado
e ansioso, Seiya queria uma resposta logo. Falava partindo para cima da menina
que "tocava o terror" no orfanato, pois era a neta do dono, que nada
interferia nos jogos de poder estipulados por ela. A verdade é que
entre todos aquele mais de cem jovens, o medo imperava, colocando-os na posição
de súditos da princesinha Saori. Sempre sobrava para alguém, que se descordava era imediatamente repreendido pelo imponente - naquela época - Tatsumi.
No
entanto, o jovem estava determinado a mostrar que as coisas mudaram. E é aí que
ele leva um belo chute nas costas, que o derruba aos pés da moça, que descalça
e de vestido ressaltava seu ar de dona da casa. Ao olhar para trás, Seiya vê a
figura de um homem de chapéu de caubói e barba por fazer. Reconheceria esse ar
country de longe: era Jabu, o cavaleiro de bronze de Unicórnio que ali se
apresentava.
A
rivalidade dos dois era latente. Jabu sempre teve uma queda pela jovem, fazia
todos os seus caprichos e mesmo depois de tanto tempo, ainda atuava dessa
maneira. Atacou Seiya por esse parecer descontrolado, era o que alegou. Queria
medir forças.
-
Vagabundo! Gritava para o outro.
-
Pode vir, cachorrinho - esse apelido era a forma como Jabu era conhecido entre
os meninos do orfanato, devido a subserviência aos pedidos dos Kido,
especialmente de Saori. Isso lhe rendeu muitos cafés da tarde na mansão, além
do título de vigia do orfanato.
Se
atracavam ali, com socos, chutes, joelhadas, cotoveladas, esquivas e defesas bem treinadas.
Tatsumi, num momento segurança, tentou impedir e levou um murro no queixo,
parecendo até proposital (o velho maltratava os garotos, castigando-os
severamente com sua espada de Kendo, sua arte marcial preferida). Como dá para
perceber, a vida não era e não continuava fácil para os ex-moradores do
orfanato Filhos das Estrelas.
Capítulo
4 - A Guerra Galáctica
"E
não percam, começa nessa sexta o maior espetáculo da Terra! Vem aí, Guerra
Galáctica!"
-
Uauuu! Exclamava Makoto, que assistia TV junto com seu amigo gordinho Akira. Os
garotos moravam no orfanato Filho das Estrelas, com mais algumas poucas
crianças (pouco mais que duas dezenas). Mantido pela Fundação Galacta, vem
diminuindo constantemente sua assistência aos órfãos. Ao menos a
situação havia melhorado desde que Mino administrava o local. Tinha por volta de
19 anos, mas era extremamente madura para assumir tal responsabilidade, a qual
levava a sério, pois ela havia sido uma das crianças sem família moradoras
desse mesmo local.
Cresceu
ali, ao lado de Seiya, Shun, Ikki e tantos outros, sob a batuta rígida de
Tatsumi, os mimos de Saori e a indiferença de Mitsumasa. Viu os amigos partirem
para a Grécia, Ilha de Andrômeda, a temível Ilha da Rainha da Morte, enquanto
ela mesma ia ficando. Não levava jeito para os esportes, preferia a dança.
Pessoa de extrema sensibilidade, nesse exato momento recebia a visita do velho
amigo Seiya, que voltava após muito tempo. O rapaz lhe contava sobre a proposta
que havia recebido da senhorita Kido:
-
Aceite, tonto! dizia surpresa e irritada.
-
Mas, Mino, não quero entrar no joguinho daquela mimada.
-
Seiya, deixa de ser bobo. Você será visto em rede nacional, ganhará
visibilidade nas manchetes, todos verão seu rosto, inclusive ela.
-
Tem razão, a Seika certamente estará assistindo e me procurará. E se eu ganhar,
como te disse, a Saori utilizará todo o aparato da Fundação Galacta para
encontrar minha irmã. De qualquer forma, já estou ganhando.
-
Você já é o campeão, Seiya.
Terminaram
a conversa abraçados. Realmente eram muito amigos. Makoto e Akira ouviam e
observavam tudo, empolgados. "O namorado da Mino vai aparacer na TV,
uauuuuu!"
Nesse
momento, o campeonato já contava com sete participantes. Seiya ligou para a organização
e confirmou presença. Há dois dias do início, a expectativa era de que ao menos
20 órfãos retornassem. Saori pensou em cancelar o evento, mas em respeito a
memória do seu avô, e aos negócios, manteve os preparativos da Guerra Galáctica.
A
mídia estava em polvorosa. Falava-se de combate entre semi deuses, colocando
qualquer outro evento de luta para escanteio. Entrevistas eram marcadas, tendo
sempre Tatsumi como porta voz.
- INFELIZMENTE ESCREVI ATÉ AQUI! -